terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Muti Randolph

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Conheça Muti Randolph, que começou como designer gráfico e hoje é referência na criação de ambientes interativos

O escritório de Muti Randolph fica no seu apartamento, um espaçoso loft na praia de Botafogo. Por ali, já passaram os DJs mais importantes do mundo, em eventos concorridíssimos. Este mesmo espaço intimista, onde ele trabalha em ritmo non-stop, apareceu recentemente na revista "Frame", a bíblia do design de interiores e arquitetura. Foi listado como um dos dez escritórios mais noticiados pela publicação, visto pela capa que Muti ganhou pelo projeto do clube paulistano D-Edge. Tal obra, inclusive, é o ponto de partida para entender o segmento profissional no qual ele, nos últimos anos, tornou-se referência: assinar projetos integrados de design, arquitetura e iluminação. É dele, por exemplo, o teto fatiado do clube 69, em Ipanema, cuja projeção de imagens videográficas é animada de acordo com o som que sai das picapes. Imagens orquestradas pelo som, inclusive, têm sido uma tônica dominante no trabalho deste carioca de 38 anos, que veste a camisa da evolução e tem na tecnologia uma fonte de inspiração.
Como a tecnologia te ajuda no dia-a-dia?
Desde sempre fui fissurado por tecnologia. Ela me inspira. Sou da época que o PC não tinha mouse. Ganhei o meu primeiro computador em 1988, um Mac II. Nesta época, já trabalhava com design gráfico, e o processo de separação de cor para confecção de fotolito em policromia era feito através de impressão fotográfica. Com o Photoshop 0.9, versão beta, criei uma metodologia para otimizar este processo pelo computador.
Como você começou?
Nos anos 90, dava consultoria técnica para agências de publicidade. Não existiam bons profissionais de foto-composição, retoque e ilustração no Brasil. Comecei a trabalhar muito com isso, e cheguei a ser contratado pela agência Contemporânea. Fiquei lá dentro só seis meses. Foi a única vez que tive carteira assinada. Montei meu escritório em casa, e nunca mais quis outro formato. A capa do álbum "Os cães ladram mas a caravana não para", do Planet Hemp, foi um dos meus primeiros trabalhos culturais de grande visibilidade.
Você se formou em design gráfico na PUC, no fim dos anos 80. Como você começou a assinar projetos de arquitetura?
Sempre pego jobs que os arquitetos, por convenção, têm receio de fazer. O U.Turn, extinta casa noturna de São Paulo, foi meu primeiro trabalho de arquitetura, em 1997. Fiquei muito conhecido pelo design orgânico e ilustrações em 3D que fazia em meados dos anos 90 - e o U.Turn tinha essa cara. Logo depois, assinei o projeto de iluminação do D-Edge, um dos mais representativos da minha carreira.
Foi sua primeira assinatura de ambiente participativo?
Sim. Me inspirei nos sistemas de áudio dos anos 80 e espalhei barras de luz por todo o clube. Como um grande equalizador gráfico, estas barras piscam de acordo com o ritmo das músicas dos DJs. E 2007, quando o clube 69 foi inaugurado em Ipanema, fiz algo semelhante. Criei um sistema que projeta videografismos no teto da pista de dança. Estas imagens são animadas de acordo com o som. Criei um programa no Macromedia Director, com ajuda do arquiteto de linguagem Caio Barra Costa, e já levei este sistema para diversas outras frentes. É uma forma de casar imagem e som tecnologicamente, com sensível simbiose estética.

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